quarta-feira, 24 de julho de 2019

sobre a Revista MAD




















Como todo nerd da minha época que se preza, temos um apreço enorme as primeiras coisas que lemos nos quadrinhos. Meus pais me deram vários gibis da Disney para ler, e uma das minhas primeiras memórias é ler o gini do Peninha. Com os amigos do colégio comecei a ler Marvel e DC, e tive sorte de ler logo de cara histórias que seriam consideradas obras primas depois, tais como "Camelot 3000".

E na fissura de ir sempre pra banca, é claro que alguém ia se deparar com a revista MAD, e a primeiro ediçao que vejo é aquela satirizando a eleição presidencial de 1984. Claro, eu tinha 10 anos e achei muito adulta na época. Mas comprei.de novo e de novo. Depois parti para leituras mais "pesadas" e  comecei a comprar "A espada selvagem de CONAN". Logo eu estava me deparando com um problema que iria se tornar crônico. A FALTA DE ESPAÇO no meu quarto.

Juntei todas as minhas  "A espada selvagem de CONAN", o que encheu uma caixa enorme de papelão, e doei para o porteiro do prédio, que por sua vez leu tudo e vendeu pro catador de papel. As minhas revistas MAD que estavam acumulando eu doei para um vizinho idoso, que por sua vez, passou pra frente. Sim, os "forwards"  e "shares" de 1985 eram você emprestar ou doar os seus gibis.


E no caso da revista MAD, com seu papel jornal, conteúdo rápido e atual, ele tinha um ar "televisivo" e dinâmico do momento, que você sentia que estava informado. Você se acostumava com as repetições, como os manuais técnicos do Al Jafee, as piadas práticas do Don Martin, os momentos do dia a dia do Dave Berg, as tirinhas nacionais do Ota, o editor da MAD, que sempre mencionavam algum assunto da moda.



E como criança protegida e mimada que era, que estava no esquema "Escola, Cinema, Clube e Televisão", eu me sentia "o adulto", o "transgressor"  por saber de todas essas coisas que aprendia na revista MAD. Noticiários eram entediantes em comparação. Comecei a gostar mais, e me arrependi de "ter passado pra frente" as edições que tinha comprado antes.



Outra atração da revista MAD que comecei a curtir mais e mais eram as paródias de filmes desenhadas magistralmente pelo desenhista Mort Drucker, entre outros. Os VHS e as locadores de filmes mal haviam chegado no Brasil, e no final das contas, eu lia a paródia de um filme anos antes de poder assistir o referido  filme, e no final, acaba achando o filme nem tão divertido assim em comparação ao filme que eles estavam satirizando.



E como sempre, uma coisa foi levando a outra. Saido da páginas da MAD, o desenhista espanhol Sergio Aragones, lançou "Groo: O Errante", que foi publicado aqui no Brasil nos anos 90. Groo era um esculacho com o Conan, que também conhecia, ou seja, tudo ficava em família.




Em retrospecto, penso que deveria ter guardado mais edições da revista MAD. No final das contas ela era maiis artística, mais moralista e muito mais tradicional do que eu lembrava. e principalmente o português escrito lá era algo impecável, algo digno de um Ruy Barbosa. Mas enfim, faz uns dois anos, fazendo a minha ronda tradicional na Livraria Saraiva eu encontrei um tesouro gráfico. Um livro dedicado a arte do MORT DRUCKER, o autor das paródias de filmes. O livro era caro, muito caro, mas comprei na hora assim mesmo. 

Li nestes dias que a revista MAD estava terminando lá fora, pois vivemos numa época em que muitas pessoas se viciaram em reclamar e querer atenção fácil em cima de quem produz conteúdo, e a MAD é um desses alvos fáceis.

Mas enfim, não é perda total, pois a maioria dos artistas da MAD tem livros avulsos publicados, vários estão vivos e produzindo, longe dos problematizadores, mas ao alcance dos verdadeiros fãs. Ainda bem que temos sites de scans, ainda bem que temos ainda muitos sebos aonde chafurdar, pois é isso que um nerd de quadrinhos faz.  :)

Obrigado MAD magazine. :)